
O primeiro movimento corresponde à primeira estrofe. O segundo, bem curto, prende-se apenas aos dois primeiros versos da segunda quadra. Os demais versos estão vinculados ao terceiro, desenvolvendo-se em crescendo cuja interpretação aceita algum otimismo. Esse concerto foi concebido para ser interpretado na igreja, portanto toda a orquestra toca em surdina a maior parte do tempo, como a não querer perturbar os fiéis. Em O Inverno, podemos sentir a imagem de alguém tremendo sem parar sobre a neve, castigado pelo severo soprar do vento cortante, a sensação de correr batendo os pés a todo o instante e o bater dos dentes em um frio intenso. Em seguida, o aconchego de ficar ao fogo, quieto e satisfeito, enquanto a chuva do lado de fora a tudo banha, pode ser perfeitamente sentido pelo doce e expressivo solo de violino do segundo movimento, e também pelo pizziccatto da orquestra imitando a chuva. O terceiro movimento sugere o caminhar sobre o gelo, a passos lentos, com medo de cair, o caminhar com mais decisão e cair sobre a terra, novamente, ir sobre o gelo e correr forte, sem que o gelo se rompa. Ao final podemos sentir, apesar do frio, dos ventos e da neve, uma alegria talvez fatal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário