A Primavera
chegou a verde primavera num voo de andorinha
vêem-se ninhos de lama tecidos de cio e de alegria
move-se a esperança vestida de folhagem florida
há ovos nos ninhos de ternura a anunciar a vida.
só as árvores ressurgidas entoam um hino à eternidade
no canto harmonioso das aves em viagem.
O Verão
refrescam o calor os frutos estivais – suculentos sabores
tão doces ao olhar que animam o amor nas cores
da vida vesperais e sulcam a vontade solidária do mar
que banha a natureza que há em nós e no luar.
só as árvores maternais oferecem a inteira plenitude
em incêndios de odores e cores de beatitude.
O Outono
o cheiro a vinho novo e a castanhas traz um outro tempo
algum frio enrolado no vento do calor extinto do estio
outros cheiros ainda adocicados das espigas de milho
desfolhadas entre risos abertos e beijos roubados à mocidade.
só as árvores repousam no leito do tempo e do olhar
sulcado de folhas douradas pela luz da própria idade.
O Inverno
comove-me o inverno enregelado
tanto frio no corpo e na alma desolado
e a quase ausência do riso e da alegria
inscrevem-se na vida cada dia.
só as árvores nuas animam a paisagem
e o canto alegre das aves de passagem.
Tradução livre dos sonetos de Vivaldi
por José Almeida da SILVA, 2003.
Os quadros de François Boucher.
por José Almeida da SILVA, 2003.
Os quadros de François Boucher.
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