quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

SONETO XI/XII - INVERNO: LARGO


Vê-se a morte, encontra-se este último prazer,
Alegria final de quem vive no que aprende,

E encontra o nada, que da salvação depende,
Onde, em geral, a esperança tende a jazer.

Nada mais resta, para esta vida malsã,
Que morte inglória daquele que tudo sabe,
Mesmo que não há Deus, e nenhum apelo cabe,
Morre feliz, na alegre certeza pagã.

Porque parei de aprender, eu morro feliz,
E porque fui o mesmo por quase dois segundos.
É sem receio que cruzo a ponte entre tais mundos:

Qual de certeza, tédio este que eu nunca quis,
Tal de dúvida, último prazer sempre incerto,
Esta alegria, novidade que está mais perto.
Belo Horizonte, 2 de agosto de 1996.

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