sábado, 10 de janeiro de 2009

Narrativa musical


Existem três tipos de música, quanto à narrativa: um que conta uma história, outro que “pinta” um quadro e ainda a música absoluta, aquela auto-sustentável. Para o Programa Iconográfico proposto, a escolha mais óbvia seria a de uma obra do primeiro caso, por terem serem escritas propositadamente para descrever uma ação narrativa completa e estarem imbuídas de contornos melódicos e estruturas formais propícias à associação imagética natural que elas mesmas propõem. É o caso, claro, de As Quatro Estações. Essas foram algumas das características dos concertos que conduziram ao Programa Iconográfico discutido aqui. Foram emuladas três manifestações de duas formas de arte opostas inclusive pelo suporte tempo/espaço: a pintura situa-se num eixo de concepção espacial, bidimensional, deixando o aspecto temporal em aberto e em construção a cada vez que a obra é visitada por um espectador, ao passo que a música segue o inverso disso, o espectador constrói o espaço, pois a música situa-se sobre o tempo ; já a poesia escrita é atemporal e virtualmente não depende também do espaço; tratando de poesia declamada, algumas das características de temporalidade apontadas à música são semelhantes – mas a emulação nesse caso se ateve à poesia impressa.
Assim, pintar referências à música e poesia prende-se mais à maneira de interpretar a obra musical, em oposição à “música que conta uma história”, que propriamente a um confronto de suportes , ou de dimensões físicas (tempo e espaço). A pintura não possui necessariamente eixo narrativo linear, e, assim, é possível adotar a narratividade envolvendo música e poesia em sentido muito mais aberto a livres interpretações. No caso do Programa Iconográfico das Quatro Estações, a linearidade dos textos musical e poético é substituída pela circularidade, pois qualquer ponto de partida faz sentido na alegoria de fenômenos cíclicos.
O gramático John WALLIS , na busca da iconicidade na linguagem e, portanto, nos sons, resumiu assim a fórmula: “Soni rerum indices.” Para ele, a ordem das palavras reflete a ordem do mundo, doutrina que, já no passado da semiótica, parece simpática para a abordagem desta proposta.

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