Os procedimentos técnicos da síntese dos ornatos da Elocução são encenados no Programa Iconográfico, disso decorre a estruturação especular da forma, tal como texto decorrente de vários textos – música, poesia e imagens – produzidos a partir da análise das tópicas da Invenção e segundo prescrito na Disposição . Os ornatos, que figuram significações análogas às dos conceitos obtidos pela análise da matéria da inventio e da dispositio, são-lhes sobrepostos, multiplicando-os como sinédoques de efeitos pictóricos. Não se trata nunca de expressão de conceitos, ou de exercício de estética teórica, mas sempre de dramatização pictográfica de conceitos por meio de técnicas retóricas e pictóricas objetivamente partilhadas. Fazendo a análise e a classificação das imagens da elocução com as categorias aristotélicas, buscou-se a maravilha, pois esta aplicação permitiu aproximar conceitos de coisas distantes e detalhá-los pela reapresentação de suas particularidades icásticas e fantásticas como substância nova na síntese, qualidade diferente, quantidade alteradas, lugar outro, relação diversa, tempo distinto, situação transitória, hábito divergente .
Assim como Camões sempre pensa a poesia como artifício que resulta de operações técnicas (para ele, o poema é literalmente poiema, produto, controlado racionalmente por preceitos), a execução de programa iconográfico como o que está em questão pressupõe inúmeras ações desta natureza.
Na poesia, música ou pintura, o artifício do ato da invenção é operado como máquina ou maquinação, do latim machina, do grego (invenção astuciosa), como na expressão “máquina do mundo”, do Canto X de Os Lusíadas. Em latim, o equivalente é ingenium, de gignere, (gerar), e designa o talento intelectual da inventio retórico-poética a que geralmente se associa instrumentum, de instruere, (dispor), como na expressão ciceroniana que define a inteligência, instrumentum naturæ, (instrumento da natureza).
O Programa Iconográfico das Quatro Estações é engenho poético-retórico de figuração pictográfica.
Assim como Camões sempre pensa a poesia como artifício que resulta de operações técnicas (para ele, o poema é literalmente poiema, produto, controlado racionalmente por preceitos), a execução de programa iconográfico como o que está em questão pressupõe inúmeras ações desta natureza.
Na poesia, música ou pintura, o artifício do ato da invenção é operado como máquina ou maquinação, do latim machina, do grego (invenção astuciosa), como na expressão “máquina do mundo”, do Canto X de Os Lusíadas. Em latim, o equivalente é ingenium, de gignere, (gerar), e designa o talento intelectual da inventio retórico-poética a que geralmente se associa instrumentum, de instruere, (dispor), como na expressão ciceroniana que define a inteligência, instrumentum naturæ, (instrumento da natureza).
O Programa Iconográfico das Quatro Estações é engenho poético-retórico de figuração pictográfica.
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