Este texto trata principalmente dos aspectos retóricos do Programa Iconográfico, descrevendo e analisando sua gênese e sua proposta de discurso. Como levantamento retórico, esteve apontando o que pode ser ou não ser, hipóteses constituintes ontológicas no texto pictórico. Quanto aos elementos da Poética do Programa, estarão indicando alguns aspetos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o terreno que compete verdadeiramente ao poeta.
Em certo sentido, e em linguagem acadêmica atual, serão apontadas algumas conclusões – com plena consciência de seu caráter provisório – e indicativos de continuidade da investigação estética e pictográfica. O que não é, mas pode vir a ser.
A investigação estética, investigação pela produção e para a produção, assim como a investigação pelo conhecimento, têm a característica de que, concluída a etapa, ela já pode ser reiniciada, pois se não tiver sido trilhado o caminho do conhecimento do que fazer, certamente já se terá progredido em alguns passos na direção contrária do que não se fazer.
Posto que, poeticamente, o artifício resulte de maquinações do engenho e do instrumento, significando a ficção produzida com arte e indústria visando fim determinado, as invenções, fricções e experimentalismos – esta a novidade – serão os fios a moverem essa máquina do poema visual, na contemporaneidade, exercitando-se a poética cujo impacto estético decorra da forma utilizada, da configuração das imagens no espaço do suporte que a suplemente .
A questão que se coloca não é se o belo, de alguma forma, foi alcançado pelo Programa Iconográfico, mas antes se – por se prender tão fortemente quanto foi desejado a elementos ligados ao belo residente na grandeza, na unidade, na proporção e na ordem preconizadas pela retórica – terá havido aproximação desse desiderato, ainda que não haja enteléquia.
A questão seguinte é se as qualidades dinâmicas do produto: tensão, energia, força, vibração, atração, inerentes à sensibilidade contemporânea, foram conjugadas no construto em harmonia ou contraponto às noções de balanceamento (proporção e ordem), composição (unidade), espaço (grandeza) do mesmo modo, poeticamente.
Na fugacidade da pesquisa estética, apesar do esquema flagrantemente aristotélico da retórica e seus desdobramentos, pela ambigüidade e polissemia dos instrumentos verbais e não-verbais das obras que foram objeto direto da Mimese , dos quais foram extraídos os topoi , o referencial resta mais alicerçado no pensamento platônico.
O tempo da doutrina (a Monografia) concomitante ao engenho (o Programa Iconográfico) estabelece uma promiscuidade salutar entre os elementos temporais cronológicos e kairológicos, resultantes dessa busca de meta-referências e especularidade intertextual, trazendo a desordem como ponto de partida para a invenção. Desordem inventiva, daquela situada à borda do caos. A questão deste tempo não-reconciliado vai tornando nítida uma série de paradoxos na disposição do invento, no corpo de cada figuração, paradoxos que se aceleram e se retroalimentam no desvelamento recíproco de doutrina e engenho.
O Programa Iconográfico é exercício estético pautado pela forma, território por excelência da retórica. Mas como discurso pretensamente convincente, em delícia de atração e repulsa, é autoconvincente – ou procura sê-lo. Assim, nos meandros nas metáforas e metonímias, no abscôndito das polissemias e da complexa trama intersemiológica poderá ser encontrada a autopoiesis.
No discurso de forma rígida, de referências tópicas constantes, na transdisciplinaridade entre lugares-comuns, ressurge ou fulgura a autoria personalíssima, expressão de genótipo, mas sobretudo fenótipo, inexoravelmente constituído de mimeses consciente ou inconscientemente hauridas. A essência do ser se sobrepondo, contrapondo ou – mais que tudo – se expondo em discurso pictográfico e poético que, como representação do ciclo da vida, metaforizado nas estações do ano, trata da projeção da experiência e expectativa vivenciais pelas lentes dos lugares-comuns emulados.
Em certo sentido, e em linguagem acadêmica atual, serão apontadas algumas conclusões – com plena consciência de seu caráter provisório – e indicativos de continuidade da investigação estética e pictográfica. O que não é, mas pode vir a ser.
A investigação estética, investigação pela produção e para a produção, assim como a investigação pelo conhecimento, têm a característica de que, concluída a etapa, ela já pode ser reiniciada, pois se não tiver sido trilhado o caminho do conhecimento do que fazer, certamente já se terá progredido em alguns passos na direção contrária do que não se fazer.
Posto que, poeticamente, o artifício resulte de maquinações do engenho e do instrumento, significando a ficção produzida com arte e indústria visando fim determinado, as invenções, fricções e experimentalismos – esta a novidade – serão os fios a moverem essa máquina do poema visual, na contemporaneidade, exercitando-se a poética cujo impacto estético decorra da forma utilizada, da configuração das imagens no espaço do suporte que a suplemente .
A questão que se coloca não é se o belo, de alguma forma, foi alcançado pelo Programa Iconográfico, mas antes se – por se prender tão fortemente quanto foi desejado a elementos ligados ao belo residente na grandeza, na unidade, na proporção e na ordem preconizadas pela retórica – terá havido aproximação desse desiderato, ainda que não haja enteléquia.
A questão seguinte é se as qualidades dinâmicas do produto: tensão, energia, força, vibração, atração, inerentes à sensibilidade contemporânea, foram conjugadas no construto em harmonia ou contraponto às noções de balanceamento (proporção e ordem), composição (unidade), espaço (grandeza) do mesmo modo, poeticamente.
Na fugacidade da pesquisa estética, apesar do esquema flagrantemente aristotélico da retórica e seus desdobramentos, pela ambigüidade e polissemia dos instrumentos verbais e não-verbais das obras que foram objeto direto da Mimese , dos quais foram extraídos os topoi , o referencial resta mais alicerçado no pensamento platônico.
O tempo da doutrina (a Monografia) concomitante ao engenho (o Programa Iconográfico) estabelece uma promiscuidade salutar entre os elementos temporais cronológicos e kairológicos, resultantes dessa busca de meta-referências e especularidade intertextual, trazendo a desordem como ponto de partida para a invenção. Desordem inventiva, daquela situada à borda do caos. A questão deste tempo não-reconciliado vai tornando nítida uma série de paradoxos na disposição do invento, no corpo de cada figuração, paradoxos que se aceleram e se retroalimentam no desvelamento recíproco de doutrina e engenho.
O Programa Iconográfico é exercício estético pautado pela forma, território por excelência da retórica. Mas como discurso pretensamente convincente, em delícia de atração e repulsa, é autoconvincente – ou procura sê-lo. Assim, nos meandros nas metáforas e metonímias, no abscôndito das polissemias e da complexa trama intersemiológica poderá ser encontrada a autopoiesis.
No discurso de forma rígida, de referências tópicas constantes, na transdisciplinaridade entre lugares-comuns, ressurge ou fulgura a autoria personalíssima, expressão de genótipo, mas sobretudo fenótipo, inexoravelmente constituído de mimeses consciente ou inconscientemente hauridas. A essência do ser se sobrepondo, contrapondo ou – mais que tudo – se expondo em discurso pictográfico e poético que, como representação do ciclo da vida, metaforizado nas estações do ano, trata da projeção da experiência e expectativa vivenciais pelas lentes dos lugares-comuns emulados.
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